26 de dezembro de 2009

A Menina Voadora

No sonho
É permitido:
Uma voz mansa
Que conduz
O baile,
Uma flor nova
Que perfuma
O dia,
Uma menina
Voadora
Que enfeitiça.

Vem,
Dá-me tua mão
Para levar-me:
Voar é tão puro,
Não fuja de mim.

16 de dezembro de 2009

Chanson De La Semaine

Tua voz é doce,
Não me canso nunca de ouvir-te,
Mesmo que a tarde esteja cinza
E que a canção
Seja tão triste.

Eu desejo,
Sem ter medo,
Que tudo fique assim
Como está:
Calmo, embalado no teu berço.

9 de novembro de 2009

A Minha Flor Morreu

Um verso cruel
De Augusto dos Anjos
Matou
A minha flor.
Não terei
Sua graça,
Não beijarei
Suas faces.
Não há dor
Que cesse
Ou lágrima
Que seque:

Não há esperança.

A minha flor
Morreu.

4 de novembro de 2009

Receita

Escrevo versos
Como quem
Tem pressa.

Não me apetece
A massa aos excessos,
Mas o recheio adocicado
Ou amargo.
Não me convém
A palavra morta:
Antes aquela
Que toca e vive;
Antes o verso humilde
E a intenção do poeta.

4 de agosto de 2009

Poema para olhos castanhos

O sonho
Leva nas asas
O desejo
De ter por perto
Um par
De olhos castanhos
Brilhantes e pequenos:

Quem dera
Fossem os seus.

Mas se em sonho
Tudo pode,
Por que não
Os seus nos meus?

30 de julho de 2009

Corda Bamba

O caminho embaralhado
Que me trouxe aos seus braços
Estendeu-me um fio bambo,
Feito ponte entre penhascos,
Por qual devo atravessar
Com cuidado de equilibrista
E delicadeza de bailarina.

Treme todo o corpo,
Numa ânsia de chegar
À certeza do amor sensato.

Pé a pé, arrisco.

Eu me equilibro,
Mas temo o fio se romper.